Bandeira da minha
terra,
Bandeira das treze
listas:
São treze lanças de
guerra
Cercando o chão dos
paulistas!
Prece alternada,
responso
Entre a cor branca e
a cor preta:
Velas de Martim
Afonso,
Sotaina do Padre
Anchieta!
Bandeira de Bandeirantes,
Branca e rota de tal
sorte,
Que entre os rasgões
tremulantes,
Riscos negros sobre
a prata:
São como o rastro
sombrio,
Que na água deixara
a chata
Das Monções subido o
rio.
Página
branca-pautada
Por Deus numa hora
suprema,
Para que, um dia,
uma espada
Sobre ela escrevesse
um poema:
Poema do nosso
orgulho
(Eu vibro quando me
lembro)
Que vai de nove de
julho
A vinte e oito de
setembro!
Mapa da pátria
guerreira
Traçado pela
vitória:
Cada lista é uma
trincheira;
Cada trincheira é
uma glória!
Tiras retas, firmes:
quando
O inimigo surge à
frente,
São barras de aço
guardando
Nossa terra e nossa
gente.
São os dois rápidos
brilhos
Do trem de ferro que
passa:
Faixa negra dos seus
trilhos
Faixa branca da
fumaça.
Fuligem das
oficinas;
Cal que das cidades
empoa;
Fumo negro das
usinas
Estirado na garoa!
Linhas que avançam;
há nelas,
Correndo num mesmo
fito,
O impulso das
paralelas
Que procuram o
infinito.
Desfile de
operários;
É o cafezal
alinhado;
São filas de
voluntários;
São sulcos do nosso
arado!
Bandeira que é o
nosso espelho!
Bandeira que é a
nossa pista!
Que traz, no topo
vermelho,
O Coração do
Paulista!
Nossa Bandeira – Por
Guilherme de Almeida
“Viveram pouco para morrer bem/ Morreram
jovens para viver sempre”
A frase é uma
homenagem aos mártires da Revolução Constitucionalista e, segundo a Assembleia
Legislativa de São Paulo, sua autoria é atribuída a Guilherme de Almeida.
Além de poeta, Guilherme de Andrade e Almeida foi tradutor, dramaturgo e ensaísta. Nascido na cidade de Campinas em 1890, teve participação ativa na Revolução Constitucionalista de 1932, alistando-se de maneira voluntária como soldado. Vale o destaque histórico de que Guilherme de Almeida foi o primeiro modernista a ser eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1930.
Fonte: Hepáticas e G1