A Inteligência Universal é sentida por Guerra Junqueira nos poemas “A velhice do Padre Eterno” e “Aos Simples”, diz estas maravilhas:
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A minha mãe faltou-me, era eu pequenino.
Mas da sua piedade o fulgor diamantino
Ficou sempre abençoando a minha vida inteira,
Como junto d'um leão um sorriso divino,
Como sobre uma forca um ramo d'oliveira!
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A minha mãe faltou-me, era eu pequenino.
Mas da sua piedade o fulgor diamantino
Ficou sempre abençoando a minha vida inteira,
Como junto d'um leão um sorriso divino,
Como sobre uma forca um ramo d'oliveira!
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Ó crentes, como vós, no íntimo do perto,
Abrigo a mesma crença e guardo o mesmo ideal,
O horizonte é infinito e o olhar humano é estreito:
Creio que Deus é eterno e que a alma é imortal.
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Toda a alma é clarão e todo o corpo é lama.
Quando a lama apodrece inda o clarão cintila:
Tirai o corpo – e fica uma língua em chama...
Tirai a alma – e resta um fragmento d'argila.
Tenho uma crença firme, uma crença robusta
Um Deus que há de guardar por sua própria mão,
Numa jaula de ferro a alma de Lucusta
Num relicário d'oiro a alma de Platão.
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Mas – também acredito, embora isso vos pese,
E me julgueis talvez o maior dos ateus,
Que no Universo inteiro há uma só diocese
E uma só catedral, com um só bispo – Deus
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Cultos, religiões, bíblias, dogmas, assombros,
São como a cinza vã que sepultou Pompeia.
Exumemos a fé nesse montão de escombros,
Desentulhemos Deus desse aluvião de areia.
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E um dia a humanidade inteira, oceano em calma,
Há de fazer na mesma aspiração reunida
Da razão e da fé os dois olhos da alma,
Da verdade e da crença os dois polos da vida.
Abrigo a mesma crença e guardo o mesmo ideal,
O horizonte é infinito e o olhar humano é estreito:
Creio que Deus é eterno e que a alma é imortal.
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Toda a alma é clarão e todo o corpo é lama.
Quando a lama apodrece inda o clarão cintila:
Tirai o corpo – e fica uma língua em chama...
Tirai a alma – e resta um fragmento d'argila.
Tenho uma crença firme, uma crença robusta
Um Deus que há de guardar por sua própria mão,
Numa jaula de ferro a alma de Lucusta
Num relicário d'oiro a alma de Platão.
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Mas – também acredito, embora isso vos pese,
E me julgueis talvez o maior dos ateus,
Que no Universo inteiro há uma só diocese
E uma só catedral, com um só bispo – Deus
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Cultos, religiões, bíblias, dogmas, assombros,
São como a cinza vã que sepultou Pompeia.
Exumemos a fé nesse montão de escombros,
Desentulhemos Deus desse aluvião de areia.
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E um dia a humanidade inteira, oceano em calma,
Há de fazer na mesma aspiração reunida
Da razão e da fé os dois olhos da alma,
Da verdade e da crença os dois polos da vida.
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Em “O Melro”, diz, ainda, esse grande luso, Guerra Junqueira o maior poeta do século:
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Tudo que existe é imaculado e é santo!
Há em toda miséria o mesmo pranto
E em toda o coração há um grito igual.
Deus semeou d'almas o Universo todo.
Tudo o que vive ri, canta e chora...
Tudo foi feito com o mesmo lodo,
Purificada com a mesma aurora.
O mistério sagrado da existência.
.
Só hoje te adivinho,
.
Ao ver que a alma tem a mesma essência,
Pela dor, pelo amor, pela inocência,
Quer guarde um berço, quer proteja um ninho!
Só hoje sei que em toda criatura,
Desde a mais bela até a mais impura,
Ou numa pomba ou numa fera brava,
Deus habita, Deus sonha, Deus murmura!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Há mais fé e há mais verdade
Há mais Deus, com certeza,
Nos cardos secos d'um rochedo nu
Que nessa bíblia antiga... Ó natureza,
A única bíblia verdadeira és tu...
.
A INTELIGÊNCIA UNIVERSAL NAS ARTES
Luiz de Mattos
Há em toda miséria o mesmo pranto
E em toda o coração há um grito igual.
Deus semeou d'almas o Universo todo.
Tudo o que vive ri, canta e chora...
Tudo foi feito com o mesmo lodo,
Purificada com a mesma aurora.
O mistério sagrado da existência.
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Só hoje te adivinho,
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Ao ver que a alma tem a mesma essência,
Pela dor, pelo amor, pela inocência,
Quer guarde um berço, quer proteja um ninho!
Só hoje sei que em toda criatura,
Desde a mais bela até a mais impura,
Ou numa pomba ou numa fera brava,
Deus habita, Deus sonha, Deus murmura!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Há mais fé e há mais verdade
Há mais Deus, com certeza,
Nos cardos secos d'um rochedo nu
Que nessa bíblia antiga... Ó natureza,
A única bíblia verdadeira és tu...
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A INTELIGÊNCIA UNIVERSAL NAS ARTES
Luiz de Mattos
Titulo Publicado no Livro: Vibrações da Inteligência Universal
Capitulo V — A Poesia
Edição impressa — Página 189
Edição internet — Página 63
Capitulo V — A Poesia
Edição impressa — Página 189
Edição internet — Página 63
Colaboração: Arminda Henriques Lopes